14/04/2016 15h12 - Atualizado em 14/04/2016 19h35
Glauco Araújo
Do G1 São Paulo
(Foto: Rodrigo Felix Leal/Futura Press/Estadão Conteúdo)
Assaltantes vestidos como agentes da PF invadiram um prédio onde mora o empresário Ronan Maria Pinto em Santo André, no ABC, nesta quinta-feira (14). Dono do jornal "Diário do Grande ABC", ele foi preso na 27ª fase da Operação Lava Jato. Não havia informação de presos pelo assalto desta quinta.
Segundo a Polícia Civil, dois apartamentos, um no 7º e outro no 8º andares, foram assaltados no edifício, que fica na Rua Dona Carlota, 262, na Vila Bastos, região central. O edifício de alto padrão tem um apartamento por andar.
De acordo com policiais do Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra) ouvidos pela reportagem da TV Globo, a ação ocorreu entre 5h30 e 8h. Pelo menos 10 homens com roupa de agentes da PF disseram a funcionários que fariam uma diligência no apartamento do empresário.
Para a polícia, o porteiro disse que os assaltantes o ameaçaram de prisão por obstrução da justiça caso não abrisse o portão. Por isso ele deixou a quadrilha entrar em dois carros de polícia falsos: um Freemont preto e um Citroën branco.
Ao entrar no prédio, o grupo rendeu o porteiro e outros funcionários. Depois, renderam um casal e chegaram a entrar no apartamento deles, mas não levaram nada. Após isso, aproveitaram que um morador desceu para reclamar por não ter recebido seu jornal e o renderam.
Além do apartamento desta vítima, os assaltantes também roubaram outro (segundo os investigadores, nenhum deles era de Ronan). Os criminosos levaram joias e dinheiro. As vítimas foram ouvidas por investigadores no próprio edifício, pois estavam apavoradas. Segundo o delegado Giuliano Travain, assistente do 1º Distrito Policial de Santo André, os moradores ainda não apresentaram o levantamento do que foi roubado.
Abordagem
O G1 esteve no prédio e verificou que havia quatro câmeras de segurança perto do portão. “A portaria é blindada, possui sistema de monitoramento por imagens, mas o HD que contém as gravações foi subtraído também”, disse o delegado Travain. O policial acrescentou que sempre que houver dúvida quanto a veracidade de uma operação policial, a corporação deve ser acionada.
A PF informou, em nota, que seus agentes "sempre cumprem mandados judiciais portanto suas carteiras funcionais". "Em caso de dúvida, solicitar a identificação do chefe da equipe, com apresentação da carteira funcional e também o mandado judicial que está sendo cumprido. Pedir para ver os dois documentos, informando que não será avisado ao andar aonde os policiais se dirigem, apenas para conferência e abertura do portão."
O comunicado acrescenta que a PF “não foi oficialmente informada da ocorrência e de seus detalhes" e que "não se trata de crime de atribuição da Polícia Federal (por ser um roubo comum, com o uso de materiais com o nome da Polícia Federal sendo utilizados para facilitar esse crime)". O comunicado acrescenta, porém, que a corporação "poderá atuar em colaboração com a Polícia e a Justiça estaduais, caso seja solicitado".